IDENTI Paderne

IMAGEM

DESCRI Igreja

CRONO Idade Média

LUGAR Paderne

FREGUE Paderne

CONCEL Melgaço

CODADM 160309

LATITU 568,9

LONGIT 188,3

ALTITU 240m

ACESSO O acesso faz-se directamente pelo antigo traçado da estrada EN.202, na direcção Melgaço - Chaviães. O monumento não está sinalizado.

QUADRO

TRAARQ

DESARQ A fundação original do mosteiro de S. Salvador de Paderne remonta ao tempo da formação da monarquia portuguesa mas é mal conhecida. Segundo a tradição, deve-se à iniciativa da condessa Paterna, estando a igreja já construída em 1130, ano em que terá sido consagrada pelo bispo de Tui. Tratava-se então de um mosteiro feminino, que sob a direcção da abadessa Elvira Sarrazim conheceu os favores da protecção régio-condal, recebendo em 1141 carta de couto de Afonso Henriques. Pelo menos desde 1225 aparece ocupado por cónegos regrantes de Santo Agostinho, perdendo o seu carácter misto. João Pires, importante personagem várias vezes referenciado nas Inquirições de 1258, foi um dos seus mais destacados priores, devendo-se à sua iniciativa a reconstrução da igreja segundo modelo românico, obra que, de acordo com a inscrição gravada na fachada à esquerda do portal principal, se concluiu em 1264, ano em que foi consagrada pelo bispo Egídio de Tui. O mosteiro de S. Salvador de Paderne foi suprimido em 1770 por breve papal, retirando-se os poucos cónegos agostinhos aí residentes para o convento de Mafra. A igreja sofreu reconstruções ainda no século XVIII, acabando por tornar-se paroquial. Seguindo Carlos A. Ferreira de Almeida (1978a), a igreja românica do mosteiro de S. Salvador de Paderne tem, entre as coisas mais assinaláveis, em que releva a planta com cabeceira tripartida de capelas quadrangulares, amplo transepto e nave curta, "(...) o facto de esta igreja nos apresentar, além do portal principal, um outro lateral, de tamanho semelhante, que dá para o braço norte do transepto. Esta solução existe de resto em outros mosteiros como no de Santa Cristina de Ribas de Sil, Ourense. Se o axial - que nos mostra uma rica decoração de tipo vegetal e floral, (...) e um arcoenvolvente inspirado na arte românica galega, tardia, derivada do Mestre Mateus, corrente que tem grandes ecos em Ourense, e uns pés-direitos com escócias ornamentadas com flores - se integra já no proto- gótico, o lateral não lhe é de modo algum anterior embora na decoração das suas arquivoltas haja só temas geométricos, as malgas e uns pequenos toros. Repare-se que os seus capitéis podem ser já considerados góticos e são tematicamente semelhantes a outros da igreja (...). Por isto os consideramos pouco mais ou menos contemporâneos. A explicação para a existência deste grande portal lateral deve ser procurada no facto de estarmos diante de um mosteiro feminino, tardio, que mostra já influências da arquitectura cistercience e reservava a nave central exclusivamente para a comunidade monástica. Acresce ainda que era na banda lateral, norte, conforme nos garantem inscrições funerárias, que estava a ala dos túmulos pelo que esse portal se requeria. (...)". Curiosamente, a epígrafe de uma dessas inscrições obituárias respeita a um "R. Garcia, que fez este templo", falecido em Dezembro de 1255 - tratar-se-á de um dos mestres da obra ? A igreja albergava ainda outras estruturas tumulares, algumas das quais, como as duas tampas de sarcófago que se recolhem hoje no Museu Soares dos Reis, Porto, se podem considerar verdadeiras obras de arte. As duas peças referidas parecem ter sido retiradas da igreja no início deste século, devido a receios de arruinamento das coberturas e paredes. Trata-se de duas estátuas jacentes, uma retratando um cavaleiro, talvez um patrono do mosteiro e outra um membro de uma comunidade religiosa, eventualmente um prior de Paderne. Pelo relativo arcaísmo técnico-estilístico, atribui-se-lhes uma cronologia em torno de meados e segunda metade do século XIII, podendo portanto ser consideradas duas das esculturas mais antigas desse género, em Portugal. O monumento, cujos trabalhos de conservação iniciados pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais não foram concluídos, apresenta alguns sinais de degradação.

INTERP Igreja de fundação medieval.

DEPOSI

INTERE Trata-se de um monumento de incontornável significado histórico regional e, pelos enigmas da solução planimétrica que ostenta, de excepcional valor científico e patrimonial, fundamental para a compreensão do povoamento medieval e para o estudo da penetração e difusão do "românico" na região. Está classificado como Monumento Nacional (Dec. de 16-6-1910).

BIBLIO

ALMEIDA C.A.F.(1978) Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho, Tese de Doutoramento (policopiada), Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1978.

ALMEIDA C.A.F.(1986) História da Arte em Portugal. 2: O românico. Lisboa, 1986, pp.104.

ALMEIDA C.A.F.(1987) Alto Minho, (novos guias de Portugal, 5), Editorial Presença, Lisboa, 1987.

GRAF G.N. e GUSMÃO A. N.(1988) Portugal Roman / 2, Ediciones Encuentro, Madrid, 1988.

BARROCA M.J. (1987) Necrópoles e Sepulturas Medievais de Entre-Douro-E-Minho (séculos v a XV), Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, (policopiado), Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto,1987.

AUTOR Luis Fontes

DATA 04-FEV-1998

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