IDENTI Orada
IMAGEM
DESCRI Capela
CRONO Idade Média
LUGAR Orada
FREGUE Melgaço
CONCEL Melgaço
CODADM
LATITU 572,2
LONGIT 190,1
ALTITU 150m
ACESSO Cerca de 1,3 km para Nordeste da vila de Melgaço. O acesso faz-se directamente pelo antigo traçado da estrada EN.301, na direcção Melgaço - Chaviães. Cerca de 10 minutos, a pé, desde a vila. O monumento não está sinalizado.
QUADRO
TRAARQ
DESARQ Ligada ao mosteiro de Fiães, conforme a inscrição da frontaria e a documentação garantem, Nossa Senhora de Orada é um santuário de peregrinação muito concorrido pelas populações da região, para quem esta capela tem uma singular importância devocional. O senhorio de Orada foi doado em 1166 ao mosteiro de Fiães pela condessa Froila e, em 1170, integrava o couto que Afonso Henriques outorgou ao mesmo mosteiro, sem que em nenhum dos documentos se mencionasse o templo. O edifício actual remonta aos meados do século XIII, conforme estabelece a data 1245 (era 1283) gravada na face interior da parede meridional da nave, junto ao arco-cruzeiro. Esta data concorda com as características gerais da sua arquitectura, que revela aqui numerosos indícios de transição ao gótico. A igreja sofreu inúmeras tranformações ao longo do tempo, que nos finais da década de 30 culminaram no seu restauro completo, realizado com rigor e grande qualidade pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, apenas maculado pela eliminação da galilé que antecedia a fachada. O edifício é formado por dois corpos, capela-mor quadrangular e nave rectangular, com vãos bem distribuídos, construído com silharia de excelente aparelho isódono, abundantemente marcada com siglas de canteiro, formando um conjunto de proporções equilibradas e harmoniosas que pela sua implantação sobreelevada adquire mesmo certa elegância. A fachada, cujo desenho geral revela influências galegas, designadamente da catedral de Compostela, é dominada por maciços contrafortes" laterais, cujos remates superiores marcam o alinhamento horizontal de um entabelamento sustentado por cachorros. Enquadrado por estes contrafortes e entabelamento abre-se o portal axial em arcoapontado com uma rica e bem distribuída decoração que, pelas bases de plinto tão altas, devido aos capitéis pequenos, de folhagens e sem volutas, pelas impostas decoradas com algumas folhas e pela modenatura da arquivolta interior e do pé-direito, bem como pelos temas heráldicos que decoram outras, deve ser já considerado gótico, embora ainda nele se vejam aves afrontadas e um friso enxaquetado e as malgas tão típicas do portal lateral de Paderne. Na nave destaca-se o portal lateral setentrional - o triedroé superiormente rematado por um arcode volta perfeita com "nós de Salomão" na face das aduelas, arcopor sua vez preenchido por um tímpano profusamente decorado apoiado em duas mísulas zoomorfas. O tema decorativo do tímpano, a "árvore da vida", sendo vulgar, apresenta aqui em Orada uma composição escultural única em Portugal, de relevante conteúdo simbólico : o centro do tímpano é ocupado por uma árvore que se eleva da base até ao bordo superior, por onde se espalham os ramos de videira com dois animais ou humanos pendurados das folhas; mais abaixo, afrontando-se, ladeiam o tronco dois animais: à esquerda um leão e à direita o que parece ser uma sereia alada - de acordo com o simbolismo românico, tudo isto parece evocar a vida eterna, acessível aos bons e piedosos, pelo que a sua representação no portal Norte cumpre uma função decididamente apotropaica. Ao nível da decoração arquitectónica salienta-se ainda a cuidada escultura das cachorradas, com modilhões ornados com pipos, caras, rolos, cabeças de animais, etc.. Os espaços entre eles apresentam-se, de modo pouco vulgar na arquitectura românica, decorados com rosetas, "nós de Salomão" e outos temas populares. Excelentemente conservada, a capela de Nossa Senhora de Orada é uma das mais refinadas igrejas românicas do alto-Minho português, documentando a fase final desse primeiro grande estilo europeu.
INTERP Igreja de fundação medieval.
DEPOSI
INTERE Trata-se de um monumento de inegável significado histórico regional e excepcional valor científico e patrimonial, fundamental para a compreensão do povoamento medieval e para o estudo da penetração e difusão do " românico" na região. Sendo já uma atracção turística (classificado como M.N. (dec. De 16-6-1988).
BIBLIO
ALMEIDA C.A.F.(1978) Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho, Tese de Doutoramento (policopiada), Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1978.
ALMEIDA C.A.F.(1986) História da Arte em Portugal. 2: O românico,Lisboa, 1986, pp.104.
ALMEIDA C.A.F.(1987) Alto Minho, (novos guias de Portugal, 5), Editorial Presença, Lisboa, 1987.
GRAF G.N. e GUSMÃO A. N.(1988) Portugal Roman / 2, Ediciones Encuentro, Madrid, 1988.
AUTOR Luis Fontes
DATA 04-FEV-1998
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