IDENTI Melgaço

IMAGEM

DESCRI Castelo; Igreja

CRONO Idade Média

LUGAR Melgaço

FREGUE Melgaço

CONCEL Melgaço

CODADM

LATITU 571,7

LONGIT 189,5

ALTITU 200m

ACESSO A vila de Melgaço é directamente servida pela EN.202. Os monumentos não estão sinalizados.

QUADRO

TRAARQ

DESARQ Implantada à margem do fronteiriço rio Minho, lá onde a raia seca começa elevando-se em direcção às montanhas e planaltos de Castro Laboreiro, a vila de Melgaço desempenhou desde os primórdios da nacionalidade um importante papel ordenador do território, mantendo durante toda a Idade Média o relevo estratégico do lugar. Assim o entenderam os primeiros reis portugueses: em 1181-83 Afonso Henriques concedeu foral a Melgaço, fomentando o desenvolvimento da povoação; nos finais do século XII Sancho I concede carta de couto ao mosteiro de Longos Vales como reconhecimento pelo seu prior ter mandado construir a torre do castelo de Melgaço; em 1263, ao tempo de Afonso III, constroi-se um importante troço de muralha, obra memorizada na monumental inscrição gravada junto da porta Oeste. Nos reinados seguintes terá sofrido pequenas obras de restauro e remodelação, chegando ao primeiro quartel do século XVI na forma como Duarte Darmas o desenhou, registando com pormenor as planta e vistas laterais da fortificação, basicamente formada pela alcáçova, com cercade planta sub-circular flanqueada por três torres-cubelos e poderosa torre de menagem ao centro, superiormente rematada por balcão e por uma almedina oucercabaixa, com barbacã, rodeando a povoação. Até pouco depois das guerras da "Restauração" outras pequenas remodelações tiveram lugar, mas encontrava-se já arruinado e "quase todo caído" no último quartel do século XVIII. Em finais do século XIX a Câmara sancionava a demolição de grande parte das muralhas da vila, vendendo-se mais de 3000 carros de pedra entre 1886 e 1892. Acompanhando a classificação do que restava da fortaleza, a parte hoje subsistente, basicamente correspondente à alcáçova medieval (M.N. - Dec. 16-6-1910) e troço de muralha até à porta poente ( M.N. - Dec. 11454 - 19-2-1926), fizeram-se pequenos restauros e consolidaram-se as ruínas a partir da primeira década deste século. O estado de conservação actual é razoável. Conforme o desenho de Duarte Darmas destaca pela elevação da torre-sineira, a igreja matriz de Melgaço erguia-se no interior da povoação, junto à porta oriental e chegou até nós conservando grande parte da edificação românica - a ela se reportará a data 1262 gravada na guarnição do portal setentrional que, enquadrado por uma arquivolta com intradorso decorado com ondulados incisos, tem um interessante tímpano com um animal esculpido em campo rebaixado, que parece representar um leão com mandíbulas abertas e grandes dentes e garras longas e afiadas. O desenho, mal elaborado e rudemente executado, atípico, revela as limitações de um provável artista local e deve datar da fase inicial da edificação, ao contrário do portal ocidental, pouco complexo, com dois pares de colunas esguias coroadas por pequenos capitéis vegetalistas que suportam duas arquivoltas de arcoapontado, decoradas com boleados e enxaquetados, que denuncia já um estilo tardio, quase gótico, mais frequente no último quartel do século XIII. A figuração do tímpano do portal setentrional não deixa de cumprir, porém, exactamente pelo seu aspecto "naturalisticamente" grotesco e terrífico, a função apotropaica da sua localização - impedir as más influências, que segundo a mentalidade medieval dominavam de Norte, de penetrar na casa de Deus. O estado de conservação é bom. Ainda no interior da vila medieval (o actual centro histórico), merece referência a igreja da Misericórdia, em cujo adro fronteiro se conservam, em bom estado, dois sarcófagos antropomórficos cobertos com tampas de "quatro águas", medievais.

INTERP

DEPOSI

INTERE Trata-se de monumentos de inegável significado histórico regional e elevado valor científico e patrimonial, fundamentais para a compreensão do povoamento medieval e para o estudo da penetração e difusão das arquitectura e decoração românicas na região. Constituem já atracções turísticas. O castelo está classificado como Monumento Nacional - Dec. de 16-6-1910. A muralha está classificada como Monumento Nacional - Dec. 11454 de 19-2-1926. Justificava-se bem propor a classificação da igreja matriz de Melgaço como Imóvel de Interesse Público.

BIBLIO

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SILVA, A.M.S.(1987) A Fortaleza de Melgaço: Pedras e Património (separata dos "Cadernos da Câmara Municipal de Melgaço, 3), Câmara Municipal de Melgaço, 1987.

AUTOR Luís Fontes

DATA 04-FEV-1998

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