IDENTI Ermelo

IMAGEM

DESCRI Mosteiro

CRONO

LUGAR Ermelo

FREGUE Ermelo

CONCEL Arcos de Valdevez

CODADM 160111

LATITU 542,6

LONGIT 187,1

ALTITU 60m

ACESSO A aldeia de Ermelo é servida pela estrada municipal EM.530 desde a sede do concelho. O monumento não está sinalizado.

QUADRO

TRAARQ

DESARQ Segundo testemunhos medievais, a implantação de um mosteiro em Ermelo deve-se à iniciativa da condessa Teresa, mãe do primeiro monarca português, substituindo, segundo as mesmas fontes medievais, um mais antigo estabelecimento monástico inicialmente localizado em S. Pedro dos Arcos ou do Vale, o qual veio a ser coutado por Afonso Henriques em favor de Ermelo. Datará desta época o ambicioso projecto de erigir uma igreja com três nave, segundo um modelo de inspiração cisterciense, projecto esse que nunca viria a concluir-se, apesar das significativas doações feitas pelos reis Afonso II, Afonso III e Dinis. A par de manifestas incertezas jurídicas relativas ao estatuto do mosteiro, as obras acabariam por ser suspensas, acabando o mosteiro por ser uma primeira vez extinto e reduzido a igreja paroquial em 1441, na sequência de acentuadas e repetidas dificuldades económicas e ausência de monges. Pese embora o rei Manuel I reconhecesse em 1497 todos os antigos privilégios e benefícios do novamente nomeado mosteiro de Ermelo, esta casa monástica não sobreviveu ao governo dos comendatários e viria a ser definitivamente extinta em 1560, na sequência das reformas protagonizadas pelo cardeal Henrique, passando então a paróquia. Nunca concluída, a igreja encontrava-se praticamente arruinada nos inícios do século XVIII, época em que foi objecto de uma drástica intervenção, ficando reduzida ao seu estado actual por volta de 1760. Conservou, apesar das mutilações, troços significativos da edificação românica, em execelente aparelho isódono de silharia granítica que ostenta inúmeras siglas de canteiro. A nave central do primitivo templo adaptou-se a nave única, deixando de fora os arcos-cruzeiros das capelas colaterais da cabeceira. O telhado foi rebaixado, deixando igualmente de fora parte da empena cruzeira, com a sua formosa rosácea radiada em 12 tramos e tripla emolduração decorada. A capela-mor conservou-se na totalidade, apresentando um elevado arcocruzeiro de arquivolta lisa, ligeiramente quebrada, apoiada sobre capitéis decorados com temática vegetalista e uma bela fresta central na cabeceira, em arcode volta perfeita, comtriedroenquadrado por dois pares de colunetas com capitéis esculpidos. Em época posterior, talvez no século XVI, a parede interior da cabeceira foi decorada com um fresco onde se desenhou S. Bento, o qual está hoje oculto pela talha do retábulo do altar-mor. A capela colateral Norte foi tranformada em sacristia e a meridional quase totalmente eliminada, conservando-se apenas, sobrepujado por uma janela-frestada, o arcocruzeiro com capitéis esculpidos. Alguns troços de entabelamento apresentam cornija lisa sobre modilhões decorados com animais, caras, bolas, pipos e molduras simples ou lisos. Com base nas características técnico-estilísticas dos elementos arquitectónico-decorativos subsistentes, a generalidade dos estudiosos propõe para a edificação românica de Ermelo uma cronologia tardia, em torno de meados do século XIII. Da mesma época deverá datar o sarcófago granítico antropomórfico, sem tampa, que jaz no adro junto à torre sineira.

INTERP

DEPOSI

INTERE Trata-se de um monumento com reconhecido significado histórico local e grande interesse científico, classificado como Monumento Nacional (Dec. de 16-6-1910), interessando à compreensão das difusão das ordens monásticas e do românico na região. Porque bem conservados e porque possibilitam a reconstituição da totalidade da edificação medieval, os elementos descritos constituem-se igualmente como património de grande valor.

BIBLIO

ALMEIDA, C.A.F.(1978a) Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho, Tese de Doutoramento (policopiada), Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Porto, 1978

ALMEIDA, C.A.F.(1986) História da Arte em Portugal. 2: O românico Lisboa, 1986.

ALMEIDA, C.A.F. (1987) Alto Minho, (novos guias de Portugal, 5), Editorial Presença, Lisboa, 1987

BARREIROS, M.A.B.(1926) Egrejas e Capelas Romanicas da Ribeira Lima, Edições Marques Abreu, Porto, 1926.

COSTA, A.J. (1981)Imagens, Templos e Mosteiros de S. Bento na Terra de Valdevez , Terra de Valdevez (Boletim Cultural), 3, G.E.P.A., Arcos de Valdevez, 1981.

GRAF, G.N e GUSMÃO, A.N (1988)Portugal Roman / 2, Ediciones Encuentro, Madrid, 1988.

AUTOR Luís Fontes

DATA 04-FEV-1998

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